Escolher a administradora mais barata pode parecer um bom negócio, mas ignorar a complexidade da gestão condominial pode sair caro — tanto para o síndico quanto para todos os moradores. Quando o assunto é administração de condomínios, ainda é comum vermos decisões baseadas apenas no preço. Muitos condôminos, por desconhecimento, acreditam que o papel da administradora se resume à emissão de boletos e à prestação de contas. Com essa visão limitada, acabam pressionando os síndicos a optarem por empresas com valores mais baixos, acreditando estar economizando. Mas essa economia aparente pode sair muito cara.
A realidade da administração condominial é bem mais ampla e exige conhecimento técnico, planejamento, responsabilidade legal e, acima de tudo, confiança. Uma boa administradora acompanha o síndico em mais de 150 frentes de ação, como revela um dos materiais mais completos do setor: o checklist da auditoria do Pronad (Programa Nacional de Certificação das Administradoras de Condomínios). Esse checklist detalha cada uma das etapas que envolvem a gestão de um condomínio, incluindo planejamento orçamentário e gestão financeira, cumprimento das normas legais e fiscais, gestão trabalhista dos funcionários, manutenção predial e planos de conservação, contratos com prestadores de serviços, atendimento aos moradores e mediação de conflitos, além de apoio em assembleias e tomadas de decisão.
O Pronad, inclusive, reforça que a função da administradora é dar suporte técnico e operacional ao síndico, garantindo que as rotinas sejam cumpridas com responsabilidade e que o condomínio esteja sempre em conformidade com a legislação — o que, no fim das contas, protege tanto o síndico quanto os moradores de problemas jurídicos e financeiros. A escolha da administradora, portanto, não pode se basear apenas no menor valor de honorários. É preciso analisar a estrutura da empresa, a qualificação da equipe, a capacidade de atendimento, a transparência dos processos e o compromisso com a boa governança. Uma administradora despreparada pode atrasar obrigações legais, negligenciar questões trabalhistas, contratar mal os prestadores de serviços ou falhar na gestão financeira. Os riscos vão desde multas e processos até prejuízos ao patrimônio coletivo.
O papel do síndico, como representante legal do condomínio, é tomar decisões responsáveis e sustentáveis. E o papel dos condôminos é compreender que, ao valorizar uma administradora competente, estão investindo na segurança, na valorização do imóvel e na tranquilidade do dia a dia. Por isso, da próxima vez que surgir a proposta de trocar a administradora por uma “mais em conta”, vale lembrar: o barato pode sair caro — e muito.
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Vice-presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).